«A mesma alma não se conhece a si mesma,
porque a diferença que há de uma lagarta feia
para uma borboletazinha branca,
a mesma diferença há aqui.
Não sabe como pode merecer tanto bem,
de onde lhe pôde vir, quero dizer,
que bem sabe que o não merece;
vê-se com um desejo de louvar ao Senhor
que queria desfazer-se e morrer por Ele mil mortes.
Logo começa a ter o de padecer grandes trabalhos,
sem poder fazer outra coisa.
Os desejos de penitência grandíssimos,
o de solidão, o de que todos conheçam a Deus.»

Santa Teresa de Jesus | 1515 – 1582
5 Moradas 2, 7

Jesus,
quando me dizes, a mim pobre pecador,
Não te condeno, vai e não voltes a pecar,
o meu coração, pura e simplesmente,
parece querer explodir de tanto amor.
Amor que não é meu
mas que de Ti acabo de receber
e que é incapaz de se conter.
És tão delicado Senhor
no modo como cuidas da minha alma!
Sem me aniquilar, sem permitir que me apedrejem,
transformas-me interiormente e,
a partir daquilo que eu era, uma lagarta feita,
eis que me transformas numa bela borboleta.
Graça! Tudo é Graça!
Aumenta sempre em mim Senhor,
este desejo de Te Louvar e de Te agradecer
por todas as maravilhas que em mim operas.
Que os desejos de penitência e de solidão,
de que fala Santa Teresa,
não sejam nesta quaresma um fim em si mesmos,
mas um meio de Te conhecer e amar mais.
Que assim seja.