«Há na Comunidade uma Irmã
que tem o condão de me desagradar em todas as coisas:
as suas maneiras, as suas palavras, o seu carácter,
pareciam-me muito desagradáveis.
Apesar de tudo, é uma santa religiosa,
que deve ser muito agradável a Deus;
por isso, não querendo ceder à antipatia natural que sentia,
disse comigo que a caridade não devia consistir nos sentimentos, mas nas obras.
Então apliquei-me a fazer por essa Irmã o que faria pela pessoa que mais amo.
Cada vez que a encontrava, rezava por ela a Deus,
oferecendo-Lhe todas as suas virtudes e os seus méritos.
Estava certa de que isso agradava a Jesus,
pois não há artista que não goste de receber louvores pelas suas obras,
e Jesus, o Artista das almas, fica contente quando não nos detemos no exterior,
mas, penetrando até ao santuário íntimo que escolheu para Sua morada,
lhe admiramos a beleza.»

Santa Teresa do Menino Jesus | 1873 – 1897
Manuscrito C. 13vº – 14rº

Jesus,
é verdade que a caridade, isto é, o amor,
não consiste em sentimentos, mas em obras, obras de amor,
de perdão, de compreensão, de conselho, de doçura, num sorriso, na benevolência…
É muito fácil para mim (e até agradável) amar quem me agrada,
quem admiro, e, ainda mais, os que me fazem bem.
Mas isto, como disseste, “até o fazem os pagãos”, aqueles que não têm fé,
porque estas ações tão humanas vêm do homem natural e não do espiritual.
Amar, muitas vezes, há de custar-me muito, há de ser uma cruz silenciosa…
Mas nessa cruz, encontro-Te a Ti, Jesus.
Não estou só, porque derramas sobre mim o “óleo da alegria” mesmo na provação.
Hoje, renovo o desejo de abraçar esta cruz
onde está o único e verdadeiro Amor.
Assim seja.