«Quem põe o gosto nalguma coisa,
já não se conserva vazio
para que Deus o encha do seu inefável deleite.»
São João da Cruz |1542 – 1591
Carta 7
Jesus,
não é fácil compreender esta frase de S. João da Cruz.
No mundo em que vivo é muito difícil procurar o vazio,
porque parece que busco o nada…
E isso é algo de que se foge o mais possível.
Procura-se encher a vida com telefonemas, sms, música, notícias, compras…
Claro, Jesus, eu sei que tudo isto é necessário.
Mas o que pedes é que não me APEGUE a essas coisas
de forma que se alguma delas me vier a faltar não aconteça um dilúvio na minha vida,
o que significaria que teria feito disso o meu Deus.
Pedes-me o “vazio”, esse vazio cheio de confiança e de abandono nas Tuas mãos.
Este vazio que é promessa de uma fé e de uma esperança colocada em Ti,
de procura de silêncio interior e de solidão para estar com quem se ama.
Se és para mim um Deus vivo e verdadeiro, este “vazio” faz todo o sentido,
porque quando se recebe um amigo, deixamos sempre para ele uma cadeira vazia.
Vem, Senhor Jesus… mas vem quando quiseres.
E que a espera, qualquer que ela seja
nunca se torne longa para mim…
e possas encontrar-me em casa com uma cadeira vazia.
Assim seja.