«São assim as ânsias de amor
que esta alma vai sentindo,
quando começa a avançar nesta purificação espiritual.
Conforme as afeições da vontade, levanta-se de noite,
isto é, durante estas trevas purificadoras,
e, com a ansiedade e a força duma leoa ou ursa
que vai à procura das suas crias quando lhas roubaram e não as encontra,
anda esta alma ferida à procura do seu Deus […]
Este é aquele amor impaciente, em que o sujeito
não pode estar muito tempo à espera de receber o que deseja,
senão morre.
Era assim o de Raquel pelos seus filhos quando disse a Jacob:
“Dá-me filhos ou, então, morrerei”.
É importante notar aqui como a alma,
sentindo-se, nestas trevas purificadoras,
tão miserável e tão indigna de Deus,
seja tão ousada e atrevida para se unir com Deus.
A razão é que o amor já lhe vai dando forças para O amar deveras,
e é próprio do amor querer unir-se, juntar-se,
igualar-se e assemelhar-se à coisa amada
a fim de se aperfeiçoar no bem de amor.»

S. João da Cruz | 1542 – 1591
II Noite. 13, 7

Jesus,
aquele que Te ama deveras não descansa até Te encontrar.
E como posso eu procurar-Te
como o procuram os santos?
Sim, bem sei, procuro-Te quando não me procuro a mim,
quando desejo fazer o bem aos meus irmãos,
quando perdoo, quando compreendo,
quando ajudo os meus irmãos a caminhar para Ti, mesmo à custa de sacrificar os meus interesses pessoais.
Quem Te busca sai de si.
Ajuda-me, com a Tua graça, a ser o mais possível fiel às Tua inspirações
que me arrastam para fora de mim
ao encontro do irmãos.
Assim seja.